Aqui
no intercâmbio, minha classe da tarde é de Current Events e temos discutido
muito sobre Direitos Humanos, Direitos das mulheres, igualdade e etc. E esses
dias, conversando com um dos meu melhores amigos aqui em Toronto, ele me disse
uma coisa que me deixou pensativa por muito tempo.
“Tallyta, eu ainda não sofri homofobia aqui em
Toronto”
O que me leva a pensar o que passa na cabeça
das pessoas que fazem esse tipo de discriminação.
Obviamente
que sei que é uma questão histórica, mas não por isso acho que deva ser aceita.
Nós precisamos aprender que viver em sociedade e viver em grupo requer respeito
mútuo e não posso julgar ninguém pelo que ele acredita. Essa é uma das maiores
lições que aprendi com o intercâmbio.
Cresci
ouvindo coisas que remetiam a “ser veado” como uma ofensa, quando o “ser veado”
não é uma escolha para quem o é de fato; é uma libertação de identidade, uma
externalização de uma crença. Defendo piamente que não existe verdade absoluta.
Não é porque respaldado em uma fé que prega a homossexualidade como produto
mundano e que não devo seguir , que tenho direito de apontar meu dedo em
direção ao outro que acredita em proposições diferentes das minhas. Não é o
fato da pessoa querer se relacionar com outra do mesmo sexo que a torna pior,
ou desrespeitada. O que nos torna pior é achar que somos superiores em alguma
coisa, quando, na verdade, nem sabemos quem somos.
Ao
meu ver, não é reprimindo a Homossexualidade de certas crianças que vamos
prepará-las para a realidade da vida; uma palmada, uma surra, não vai resolver
uma questão de alma, que, de antemão, não há nada o que ser resolvido. Não é
escondendo as vontades delas que conseguiremos com que sejam “aceitas”, por que,
afinal, ninguém é aceito totalmente, socialmente falando, seja por que seu
cabelo é cacheado, seja por que seu peso não é o ideal, seus olhos não são
claros, seu nariz é um pouco achatado, ou que seja por que o branco do seu olho
não é branco o suficiente. Sempre há uma maneira, é o que tento dizer. Qual a
melhor maneira de preparar uma criança para o futuro do que fortalecendo sua
identidade e suas convicções? Ensinando-a a realidade. Sempre achei que a melhor
maneira de passar por uma situação é entendendo ao máximo como ela funciona.
Quando
você olha um homossexual na rua. Qual a sua reação? Seja Drag, montado,
desmontado, tanto faz...? A maioria das pessoas aponta e ri, faz piada para o
amigo; mas essa mesma pessoa faz textão no facebook dizendo que é um absurdo a
decisão a favor da cura gay. Quando eu olho a mesma situação não vem à minha
cabeça uma aprovação, do tipo, está certo, tem que ser assim; por que não tenho
nada a ver, Quem sou eu pra concordar ou discordar? O que vejo e o que sinto é uma
admiração por expor e mostrar ao mundo o quão convicto é sobre o
verdadeiramente acredita.
Não
estou dizendo que Toronto é perfeita, o que seria hipocrisia, mas o que tento
passar é a ideia de que podemos ser melhores e de que podemos respeitar o que o
outro verdadeiramente é.